sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Falsos Profetas

Pensei que seria melhor começar pela colocação da definição antes de avançar pelo tópico propriamente dito:

profeta(é)
(latim propheta ou prophete, -ae, sacerdote, profeta)

s. m.

1. Rel. Aquele que prediz o futuro por inspiração divina.

2. Rel. Título que os muçulmanos dão a Maomé.

3. Pessoa que faz previsões em relação ao futuro.

4. Adivinho, vidente.

Porque é que decidi falar sobre este tema? Nem eu sei bem. Perdi-me após mais uma desilusão da vida, não da vida pessoal, a que realmente importa no final do dia, mas da profissional, daquela que paga as contas e na qual, infelizmente, se perde 90% dos nossos dias.

Gostaria de pensar que isto apenas me acontece a mim, mas não é verdade, acontece a milhares de pessoas, cruzarmo-nos com os falsos profetas, aqueles que nos inspiram para que cumpramos uma tarefa e logo de seguida se esquecem das promessas, das visões que tiveram. Quantas vezes já nós perdemos dias, e noites em prol de algo que é essencial, importante, urgente, extremamente necessário, e após essa dedicação o que obtemos é desprezo. Já não falo em recompensas monetárias, apesar de obviamente ser sempre um ponto que estamos sempre receptivos, mas falo do reconhecimento, mesmo que seja só a “palmadinha nas costas”. Custa mais acreditar nas promessas e ser desiludido do que cumprir as tarefas sem as promessas feitas.

A desilusão é muito difícil de gerir, provoca desinteresse da pessoa, cria a dúvida, cria a desconfiança nas palavras proferidas pelos profetas e no final faz com que apenas cumpramos o que é minimamente necessário para a manutenção da nossa função, o cumprimento das tarefas sem brilho, apenas de forma eficiente, e em alguns casos nem isso.

Porquê fazer promessas, quando não se tem a certeza de poder cumprir, ou quando não se faz intenções de cumprir, o que ainda é pior, já que também existe uma palavra que compreende esse conceito.

Excelência é a palavra de eleição hoje para que todos trabalhemos 200%, temos de ser excelentes, temos de ser os melhores, só os melhores serão recompensados, aos excelentes será dada a possibilidade de crescer, de vingar, de progredir, etc, etc, etc…

Quase parece os discursos dos grandes generais da antiguidade, que tentavam empolgar as suas hostes, mesmo sabendo que o resultado do confronto seria a total aniquilação das suas tropas. O soldado inicialmente sente um crescendo de emoção, o sangue ferve com vontade de avançar e cumprir os desejos do general, só a muito custo os capitães conseguem manter as fileiras, é dada a ordem de ataque, os soldados quase que se atropelam para chegar primeiro, para cumprir as visões do general, mas no momento em que são trespassados pelas espadas inimigas, o que sentem é desilusão e tristeza. Morrem amargurados.

Portugal é o país Europeu com menor taxa de produção por isto mesmo, pela proliferação de falsos profetas nas nossas empresas. De que serve produzir, ser excelente se ninguém liga, se ninguém se importa?

É triste….

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